A Lenda do Túmulo dos Dois Irmãos
Era linda, a rapariga, olhos de moura encantada, que não fugira às hostes do rei conquistador e ali ficara, a enfeitiçar os jovens que por ela se perdiam por amores. E a jovem leviana, cortejada pelos mocetões valentes do lugar, para todos tinha um sorriso e uma esperança. Dois irmãos disputavam os seus favores e a sua predilecção, desconhecendo ambos que o mesmo sentimento os animava. Certa noite que a lua caprichava em cobrir aquela terra com um lençol de luz e cantavam as cigarras nos valados, encontraram-se os dois irmãos sobre a janela da mulher que amavam. Investiram, e só quando o ferro fratricida prostrava um contendor para sempre o outro reconheceu que assassinara o seu próprio irmão a quem muito queria. Ali mesmo se deu à morte, dizendo o povo que num túmulo de uma zona nobre da região se encontram agora sepultados os dois irmãos unidos na morte que o amor lhes dera
Tal como a maioria das lendas, esta pouco ficará a dever à realidade, pois a abertura do túmulo no início do século XVIII revelou a existência de apenas um corpo que, segundo as teses mais plausíveis, embora incomprovadas, pertencerá a D. Luís Coutinho, Bispo de Viseu, mais tarde de Coimbra e depois de Lisboa, e que teria falecido em Sintra, vítima de lepra, em meados do século XV. Contudo, o nome de "Dois Irmãos" é o que prevalece e é apoiado pela singular existência de duas estelas discóides, uma em cada uma das extremidades da arca sepulcral, ambas com o emblema da cruz de Cristo gravado. A tampa tem também gravada uma cruz a todo o seu comprimento. De cabeceira a cabeceira, o túmulo mede 1,7 m e as cabeceiras têm um diâmetro de 35 cm e uma espessura de 20 cm.De referir que a posição actual do túmulo não é a original, pois situava-se inicialmente no cemitério da Gafaria de Sintra (hoje parcialmente ocupado pelo campo de futebol), tendo, devido à abertura da estrada, mudado várias vezes de poiso, até à sua localização actual. A cruz que o encima também é obra recente.
(Credito:CMS)
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